Análise Adverte sobre Perspectivas Desafiadoras para Ativos Brasileiros
O Brasil está em uma armadilha, preso entre reformas tímidas e um volume crescente de tensões macroeconômicas, afirmou a consultoria canadense BCA Research, que publicou recentemente um relatório rigoroso e ‘realista’ sobre o que considera perspectivas pouco animadoras para os ativos brasileiros.
O tom da análise pode ser resumido da seguinte forma: Brasil? Controle seu entusiasmo!
Para os analistas, a vitória de um candidato de direita e pró-mercado poderia trazer um otimismo momentâneo – mas poderá ser uma reação passageira, caso reformas profundas e impopulares não sejam implementadas.
Segundo os especialistas, a combinação de rigidez estrutural, limitações fiscais e o ambiente político restringe o crescimento futuro justamente quando a política monetária restritiva começa a surtir efeito.
‘Os ativos brasileiros ficarão para trás de seus pares nos mercados emergentes nos próximos 6 a 12 meses e, sem um verdadeiro ajuste fiscal, enfrentarão um desempenho inferior persistente no longo prazo,’ disseram os analistas.
Ainda de acordo com a consultoria, o País realizou algumas reformas recentemente e obteve ‘avanços notáveis’ na regulação de alguns setores, ganhando competitividade – mas as ‘mudanças continuam incrementais e não alteraram a estrutura de baixa produtividade e alto custo.’ A economia corre o risco de ficar estagnada, com ‘baixo desempenho crônico.’
‘O Governo já está com dificuldades para alcançar um superávit primário, apesar de uma economia forte,’ afirmou a BCA. ‘Qualquer contratempo no crescimento levará à desaceleração das receitas fiscais, ampliando os déficits.’
Ao contrário de outras casas de análise que veem uma perspectiva de melhora para os ativos brasileiros – antecipando o ciclo de alívio monetário e a possível vitória da oposição em 2026 – a BCA recomenda que os investidores reduzam suas posições no País.
O Governo atual não está disposto a implementar ‘reformas econômicas dolorosas e liberalizantes para impulsionar o potencial de crescimento,’ disse a BCA.
De acordo com a consultoria, a valorização recente dos ativos teria ocorrido porque ‘muitos investidores esperam que um governo de direita em 2027 corrija as finanças públicas.’
‘Essa visão é otimista demais,’ escreveram os analistas. ‘Não é certo que um presidente conservador seja eleito. Mais importante, mesmo um governo pró-mercado terá dificuldades com a matemática fiscal.’
Pelas contas da consultoria, mesmo em um cenário relativamente otimista de crescimento de 2% e juro real de 5%, o superávit primário teria que alcançar ao menos 2,3% do PIB para impedir uma deterioração da dívida pública.
Alcançar e manter saldos tão elevados, partindo do atual déficit primário de 0,3% do PIB, exigiria um aperto fiscal drástico, afirmou a BCA – o que é ‘politicamente difícil sob o atual Governo ou mesmo sob qualquer outro futuro Governo de direita.’
Para os analistas, uma eventual vitória da direita traria um sentimento de alta – mas ele perderia força rapidamente, se o novo Presidente não obtiver uma maioria decisiva no Congresso.
‘Estamos acompanhando atentamente a situação na Argentina para avaliar se há de fato uma onda pró-mercado na América Latina,’ afirmaram.
Para a BCA, uma eventual vitória de candidatos de direita traria otimismo momentâneo, mas haveria limitações para a implementação de políticas reformistas e de corte de gastos com benefícios sociais por causa da ‘base populista’ de alguns setores políticos.
Os analistas da BCA concluíram o relatório afirmando que, no longo prazo, os ativos de risco do País ‘provavelmente sofreriam pressão de venda, à medida que os mercados percebessem que um Governo de direita só poderá fazer melhorias marginais ou temporárias’ em vez de resolver a ‘insustentável’ estrutura fiscal.
‘A única maneira de romper esse ciclo pernicioso é um profundo compromisso com o sofrimento.’
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