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Bradesco projeta que juros terão impacto maior que eleições no mercado em 2026

Segundo o Bradesco, o mercado financeiro deve reagir mais às taxas de juros do que ao pleito eleitoral em 2026.

NOVA YORK – A política monetária será o principal fator a influenciar o preço dos ativos em 2026, na avaliação do Bradesco.

‘O impacto será de dois terços dos juros e um terço da eleição,’ afirmou Fernando Honorato, economista-chefe do banco.

A equipe de Honorato prevê um corte de 0,25 ponto percentual na Selic em janeiro e projeta uma taxa básica de juros de 12% no final de 2026 – o que, para os estrategistas do banco, altera o cenário para empresas e investidores.

Ben Laidler, responsável pela estratégia de ações do Bradesco, disse que essa redução na Selic pode aumentar os lucros de algumas companhias entre 30% e 40% – uma perspectiva ainda não precificada pelo mercado.

‘Temos cerca de seis meses de boa visibilidade para a Bolsa. O catalisador está claro: são os juros. É isso que o investidor estrangeiro vai observar,’ declarou Laidler.

Na América Latina, as principais escolhas do Bradesco são Brasil, Argentina e Chile, com a expectativa de vitória do candidato de direita, José Antonio Kast.

No Brasil, os dois executivos acreditam que os preços dos ativos só refletirão o cenário eleitoral de fato a partir de julho – e isso, se houver alguma clareza sobre o próximo presidente e seu programa econômico (especialmente no que diz respeito à trajetória da dívida pública) antes da eleição propriamente dita.

‘Até lá, teremos volatilidade, obviamente. Mas fica difícil para o investidor se posicionar em meio a uma disputa eleitoral tão acirrada,’ comentou Honorato.

Para ele, uma vez conhecido o resultado da eleição, o preço dos ativos vai depender do que for anunciado no campo fiscal e também da disposição dos investidores de continuar financiando o governo.

‘Mas mesmo que haja boa vontade, não dá para brincar com a questão fiscal. É preciso resolver.’

Numa perspectiva de mais longo prazo, observando os últimos 45 anos, o PIB brasileiro cresceu 2,2% ao ano, em média – enquanto o mundial teve uma expansão de 3,3%.

Isso significa que a economia poderia ser 70% maior se tivesse crescido (apenas) em linha com a média global.

Segundo Honorato, nesses 45 anos, quando o País ‘fez a lição de casa’ – reformas, contenção de gastos, afastamento de medidas inadequadas etc. – o PIB cresceu perto da média global. Nos demais períodos, contraiu 1,7%.

Para o economista, se o governo der um rumo para a situação fiscal, a economia pode crescer perto de 3% por um período prolongado. E apesar de toda a complacência nos últimos anos, ele não acredita que seja tão difícil assim.

Mas se nada mudar, a projeção informal nos corredores desta conferência é que a queda pós-eleição deve ser significativa.

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