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Correios negociam empréstimo bilionário e apresentam plano de reestruturação

Os Correios receberam novas propostas de instituições financeiras para um financiamento de R$ 20 bilhões, cujo prazo para apresentação terminou na quinta-feira (27) nesta fase de negociações, que permanecem em andamento. As condições financeiras ainda não foram definidas porque as ofertas continuam acima do limite de taxa de 120% do CDI estabelecido pelo Tesouro Nacional, limite confirmado esta semana pelo Comitê de Garantias da autarquia.

Apurou-se que a empresa encaminhou na sexta-feira (28) ao Tesouro e ao Tribunal de Contas da União (TCU), sob sigilo, o plano de reestruturação, sem solicitar a garantia da União. O plano prevê uma primeira etapa de R$ 10 bilhões ainda este ano e mais duas de R$ 5 bilhões em 2026. O documento considera um custo de 120% do CDI. Caso os juros sejam superiores, a estatal precisará ampliar a geração de receita projetada no plano, algo que já está contemplado nas estimativas internas, de acordo com fontes.

O documento inclui ainda uma operação de R$ 4,4 bilhões com o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), dos Brics, direcionada para investimentos em modernização e equipamentos. De forma geral, o plano detalha a operação de crédito, apresenta o fluxo de pagamento e demonstra que a receita estimada será suficiente para honrar a dívida contratada, de R$ 24,4 bilhões no total, conforme o planejamento. O documento estabelece que o empréstimo de R$ 20 bilhões terá carência de três anos e vencimento em 2040, razão pela qual o plano também se estende até esse horizonte.

Apesar de o plano ter sido enviado aos órgãos, os Correios ainda não encaminharam o pedido de garantia nem os detalhes da operação, que seguem em negociação. A estatal considera o documento como elemento central para buscar a aprovação do Tesouro, embora não exista obrigação legal de apresentá-lo neste momento. A empresa busca R$ 10 bilhões para equilibrar as contas deste ano e antecipar algumas despesas, mas há a percepção de que o prazo até o final do ano pode ser insuficiente para obter todo o montante. A necessidade mais urgente da estatal gira em torno de R$ 6 bilhões.

Situação é complexa, mas plano é consistente

Na avaliação de fontes consultadas, a situação da empresa é complexa, mas, dentro do possível, a estrutura do plano ficou consistente e ambiciosa, porém resta saber se a execução acompanhará o que está previsto. Se todas as etapas avançarem – incluindo os programas de demissão voluntária (PDVs) e as novas frentes de negócio – conforme planejado, o processo tende a ganhar impulso, embora o grau de incerteza permaneça elevado.

A reestruturação foi dividida em diferentes fases, cada uma com objetivos e prazos específicos, voltadas à redução de despesas, ao aumento de receitas, ao redesenho estrutural da companhia e à análise de novos modelos de negócio – envolvendo, como foi divulgado, parcerias ou joint ventures, o que permitiria aos Correios atuar em um segmento mais rentável mantendo o controle estatal.

No plano foram traçadas sete parcerias estratégicas, com previsão de receita de quase R$ 800 milhões para 2026. As parcerias são divididas nas vertentes ‘Mais Correios’, ‘Conta Digital’, ‘Correios Integra’, ‘Correios Seguros’, ‘Correios Conectividade’, ‘Correios Agro’ e ‘Correios Log+ Saúde’.

O documento enviado aos órgãos prevê ainda dois PDVs, um estimado para reduzir cerca de 5 mil funcionários e outro em torno de 7 mil.

Compensação do governo federal

O plano também menciona, de forma genérica, a possibilidade de elaborar um estudo técnico sobre uma eventual compensação do governo aos Correios, mediante a cobrança de uma taxa, pela prestação do serviço postal universal – mas não há estimativa de valores com essa medida. Essa informação foi antecipada e confirmada por veículos de comunicação.

O documento também aborda medidas de modernização de processos e ganho de produtividade, além de prever o enfrentamento de antigos problemas da estatal, como o plano de cargos e salários e a revisão dos benefícios de saúde e previdência.

Os Correios informaram que o prejuízo acumulado no ano chegou a R$ 6 bilhões até setembro, em período marcado por redução nas receitas e aumento nas despesas operacionais. A receita líquida com vendas e serviços é de R$ 12,3 bilhões até setembro. Segundo o balanço, apenas o custo total da empresa no período corresponde a 95% da receita líquida e as despesas financeiras, 9%.

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