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Empresas estatais federais registram déficit recorde de R$ 6,4 bilhões em 2025

As empresas estatais federais apresentaram um déficit de R$ 6,4 bilhões entre janeiro e outubro deste ano, valor superior aos R$ 4,5 bilhões registrados no mesmo período de 2024. Com esse desempenho, o resultado negativo se aproxima do déficit total de 2024, que foi de R$ 6,7 bilhões – o maior da série histórica do Banco Central, iniciada em 2002.

A análise do BC não inclui a Petrobras e instituições financeiras, como bancos públicos. A metodologia utilizada pelo Banco Central é conhecida como ‘abaixo da linha’, que leva em conta a variação da dívida. Já os cálculos do Tesouro Nacional seguem a abordagem ‘acima da linha’, que considera receitas e despesas.

A situação dos Correios tem despertado atenção devido à crise neste ano. Recentemente, o governo anunciou um contingenciamento de R$ 3,3 bilhões no Orçamento, sendo a maior parte desse valor resultado da deterioração do resultado primário das estatais federais, influenciado em parte pela situação dos Correios. A empresa busca viabilizar um empréstimo bancário de pelo menos R$ 10 bilhões ainda este ano.

Fernando Rocha, chefe do departamento de estatísticas do BC, destacou que diversos fatores podem explicar os resultados das estatais. Por exemplo, a redução do caixa pode ocorrer quando a empresa decide realizar investimentos, gerando um déficit primário.

‘Imagine que uma empresa estatal resolve adquirir máquinas e equipamentos ou criar uma nova unidade para expandir sua capacidade produtiva. Esse investimento não constitui um ativo financeiro, mas sim a compra de um bem ou a construção de uma nova instalação. Portanto, não é considerado na dívida líquida. A empresa trocou um ativo financeiro, como sua disponibilidade de caixa, por um ativo não financeiro. Nas estatísticas fiscais, isso se traduz em um déficit’, explicou.

Além disso, a empresa pode ter elevado suas despesas. ‘Quando há aumento de gastos, como com pessoal ou outros custos, mantendo-se a mesma receita, o resultado tende a ser menor. Isso reduz a disponibilidade de caixa e eleva o endividamento’, acrescentou.

As estatais vêm registrando déficits consecutivos desde 2023 nas estatísticas do BC. ‘Essa sequência de resultados negativos [2023, 2024 e 2025] indica uma tendência de aumento da dívida líquida. Se esses déficits forem decorrentes de investimentos que se mostrem rentáveis no futuro, é possível imaginar um equilíbrio ao longo do tempo. No entanto, o que observamos nos últimos três anos, conforme os dados das estatísticas fiscais, é um crescimento da dívida líquida. Um estoque maior de dívida, tudo o mais constante, resultará em uma despesa mais elevada com juros’, afirmou Rocha.

Considerando todas as estatais – federais, estaduais e municipais – o déficit acumulado até outubro foi de R$ 7,4 bilhões. Esse resultado é ligeiramente inferior ao déficit de R$ 7,8 bilhões registrado no mesmo período de 2024.

Entre janeiro e outubro de 2025, o déficit das estatais estaduais foi de R$ 694 milhões, contra R$ 3,4 bilhões nos primeiros dez meses de 2024. Já as estatais municipais apresentaram um déficit de R$ 399 milhões, em contraste com um superávit de R$ 42 milhões no mesmo período do ano anterior.

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