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Ministro critica prioridades da Câmara e defende fim da escala 6×1

O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, afirmou nesta sexta-feira (12) que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), cometeu um erro grave ao pautar o projeto de lei da dosimetria, colocando a Casa ‘de costas’ para o povo brasileiro.

Ele declarou a jornalistas, no Palácio do Planalto, que a iniciativa de pautar e articular a aprovação da proposta, classificada por ele como uma ‘anistia envergonhada’, não corresponde às prioridades do país.

‘Eu acho que ter pautado o projeto da dosimetria, que é uma anistia envergonhada, que não é a pauta do Brasil, e ter trabalhado pela aprovação é um erro grave’, disse a jornalistas no Palácio do Planalto.

Segundo o ministro, é inaceitável como as coisas estão sendo conduzidas na Câmara. Ele citou a condução do presidente da Câmara em relação ao deputado Glauber Braga (Psol-RJ), além do empenho para votação da dosimetria de madrugada. Na avaliação do ministro, a Casa Legislativa deveria focar em ‘pautas que são grandes questões para o povo brasileiro’.

‘É inaceitável a maneira como têm sido conduzidas essas questões, seja nos dois pesos e duas medidas, com Glauber e os bolsonaristas, seja em passar a madrugada votando dosimetria, sem colocar em pauta as grandes questões do povo brasileiro. Eu acho que é um erro grave’, reiterou.

‘Coloca a Câmara dos Deputados de costas para o povo brasileiro e o presidente Lula tem sido muito claro e firme em relação a esse posicionamento’, completou o ministro.

Boulos disse ainda que é lamentável o plenário da Câmara ter levado à votação o PL da dosimetria no dia em que houve uma cena lastimosa na Casa, em que jornalistas e parlamentares foram agredidos após o deputado Glauber Braga ter ocupado a cadeira do presidente Hugo Motta.

Segundo ele, quando os deputados bolsonaristas fizeram o mesmo, eles foram tratados de maneira bem mais amena e civilizada. ‘Há pouco tempo, deputados bolsonaristas ficaram naquela mesa por dois dias e foram tratados a pão de ló. Não houve nada’, ressaltou.

Sobre o assunto, alguns dos principais aliados do presidente da Câmara dos Deputados também fizeram críticas às decisões que ele tomou ao longo da última semana. A avaliação é que Motta deveria preservar a própria imagem e avançar com uma pauta positiva para fechar o ano, em vez de contratar novas crises para a sua gestão.

Parte dos líderes mais próximos reconheceu erros de Motta e excessos cometidos na semana — como a decisão de cortar o sinal da TV Câmara, durante a retirada à força de Glauber Braga da Mesa Diretora, e o episódio da violência de policiais legislativos contra parlamentares e jornalistas.

Fim da escala 6×1

Na mesma entrevista, Boulos reafirmou que a prioridade do governo é apoiar o projeto que propõe o fim da escala 6×1 que tramite mais rápido e defenda uma jornada de trabalho 5×2, com limite de 40 horas semanais, e sem redução salarial.

‘Não pode haver um relatório que só reduza para 40 horas semanais, mas mantenha a escala de seis dias de trabalho por semana. Isso é inaceitável. Essa é uma reivindicação, é um grito justo e legítimo dos trabalhadores’, disse.

A pauta é uma das prioridades do Planalto, que já declarou apoio ao projeto de relatoria do deputado Leo Prates (PDT-BA).

Além disso, uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) sobre o tema já foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta semana.

O texto, de autoria do senador Paulo Paim (PT-RS), estabelece o fim da escala 6×1 e propõe a redução gradual da jornada de trabalho para 36 horas semanais.

O ministro disse ainda que, em meio à escala 6×1, a produtividade é baixa porque não há tempo para o trabalhador se qualificar, e por falta de investimento do setor privado em inovação.

‘Por que a produtividade da Alemanha, da Coreia do Sul, do Japão, de outros países, é maior que a brasileira? Vá ver o percentual do PIB que o setor privado investe em inovação no trabalho lá e aqui. A inovação no Brasil é quase toda sustentada pelo setor público’, ressaltou.

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