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Zissou expande presença em shoppings e diversifica portfólio com spa e produtos de cama e banho

Uma nova frente de negócios da Zissou, empresa de médio porte especializada em colchões premium e artigos para cama e banho, está impressionando seu CEO e cofundador, Ilan Vasserman. A marca inaugurou sua primeira loja física em um shopping center, o Villa-Lobos, em São Paulo, em novembro. ‘É comum encontrarmos lojas de colchões, com atendentes de jaleco branco que avaliam dores nas costas, em uma experiência que remete aos anos 1960, ou as simples lojas de cama e banho. O que fizemos foi uma intersecção, levando em conta nossa experiência nas sete lojas de rua com área privativa para o cliente experimentar nossos colchões e produtos. Em dois meses, a loja do Villa-Lobos já é nossa segunda maior em termos de faturamento’, afirma Vasserman.

O mercado brasileiro de colchões projeta para 2025 uma receita líquida de R$ 7,67 bilhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria de Colchões (ABICOL) – um crescimento de 6,5% em relação ao ano anterior. Nesse cenário, a Zissou planeja alcançar 10 novas lojas em shoppings até 2026. Os preços dos colchões de alto padrão variam entre R$ 7 mil e R$ 20 mil e representam 70% da receita da marca. No entanto, essa proporção vem diminuindo nos últimos anos.

‘Trabalhamos com um produto de alto valor agregado, com vendas muito influenciadas por indicações de arquitetos. Nossa meta é equilibrar com a linha de cama e banho, com nossa nova coleção de enxoval assinada pela designer Luisa Moysés, feita em polpa de bambu, somada aos produtos da marca espanhola Voucler, com linha de banho trazida da Turquia e lençóis de algodão de 300 a 800 fios’, diz Vasserman. A marca tem parcerias com hotéis de luxo no Brasil, como os da rede Fasano, Belmond Hotel das Cataratas, em Foz do Iguaçu, e Botanique Hotel & Spa, em Campos do Jordão, reconhecidos entre os 21 hotéis brasileiros do Guia Michelin 2025.

A experiência nesses locais, junto com a missão da marca de ‘redefinir a relação das pessoas com o sono’, levou a Zissou a criar, em julho, seu primeiro spa na loja de Moema, em São Paulo. ‘Queremos com isso traduzir a marca em serviço. Oferecemos relaxamento, massagem, aromaterapia, escalda-pés com especiarias e um cochilo guiado’, comenta o CEO sobre as sessões de 60 minutos, ao preço de R$ 351, criadas em parceria com a consultoria de spas Amman. Para quem compra produtos acima de R$ 2 mil na loja, a experiência é cortesia, com um voucher. ‘Queremos ampliar isso para outras lojas de rua, que costumam ter cerca de 120 metros quadrados e espaço para isso, mas não as de shopping. É um negócio interessante, mas periférico dentro de nossa estratégia.’

Há quatro anos, a marca tem entre seus sócios Paulo Kruglensky, ex-diretor-presidente da Vivara de 2021 a 2024. Ele foi um dos fatores que levaram a Zissou para os shoppings. ‘Kruglensky viveu toda a trajetória que triplicou a base instalada da Vivara em shoppings, então, construímos juntos essa ideia com base nas métricas de nossas lojas de rua. Elas mostravam que a região de Pinheiros, por exemplo, era muito forte em nossa venda online, com reconhecimento de marca consolidado. Então, o Shopping Villa-Lobos, no bairro, foi muito propício para essa expansão, em que investimos R$ 700 mil’, afirma Vasserman.

Atualmente, as vendas da Zissou estão divididas em 60% por uma de suas sete lojas físicas e 40% pelo e-commerce. ‘Temos uma recorrência muito grande, entre 30% e 40%, dependendo do período – sempre lembrando que colchão é algo que se troca a cada sete ou dez anos. Ainda assim, temos uma alta recorrência do produto’, diz.

A Zissou começou como uma startup em 2017 e, desde 2019, já é uma empresa de médio porte, com faturamento anual de R$ 50 milhões. Vasserman veio do mercado financeiro, com um desejo paralelo de uma carreira em produção de cinema, descartada ao longo do caminho. Os outros dois fundadores da Zissou, Amit Eisler e Andreas Burmeister, estavam na época trabalhando com o fuso horário da China, na Xiaomi. ‘No mercado de capitais tem aquela cultura em que você só pode ir dormir quando morrer, e o Amit e o Andreas compartilhavam comigo essa perda de sono. Na época, havia uma pesquisa da Rand Corporation que mostrava que países desenvolvidos perdiam cerca de US$ 680 bilhões com a falta de sono de seus trabalhadores, então, mergulhamos de cabeça nessa temática.’

O trio começou com um colchão importado dos Estados Unidos. ‘No lugar de dizermos que o cliente precisava de um com espuma da NASA, algo que ele não fazia ideia do que era, entendemos que o que ele queria mesmo era um colchão que não esquentasse na superfície, não transmitisse ondas de movimento e tivesse um mix de suporte e conforto. Então importamos e fomos os pioneiros no chamado ‘colchão na caixa”, afirma o executivo sobre o produto, que vem comprimido em uma caixa de dimensões muito menores que o colchão expandido. O segredo, aliás, consiste em uma máquina com uma chapa de 16 toneladas que ‘amassa’ o produto, que depois é dobrado até o seu formato final. Hoje o colchão da Zissou é 100% nacionalizado, com 20% da matéria-prima importada.

Pouco depois, em 2019, a marca alemã Emma chegou ao Brasil com uma embalagem semelhante e uma estratégia agressiva na internet, em que usava o nome da Zissou, equiparando seus preços e oferecendo descontos de 40 a 60%. ‘Foi um momento em que tivemos de parar para revisar nossa estratégia: ou vamos para a guerra de preços ou mantemos nossa trajetória de construção de marca e valor. Optamos pela última, no lugar de volume e mercado mais amplo. Ficamos mais nichados e com um plano de expansão em canais físicos’. Segundo Vasserman, esse tipo de colchão ‘em caixa’ economiza 25% do custo logístico – como diferencial, a Zissou oferece uma instalação premium do produto, em vez de apenas o envio e descompactação por conta do cliente.

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